Inusitada queda de neve na pista do combate a incêndios
Sempre com a chuva no horizonte, desmotivando os motociclistas a despirem os impermeáveis, passagem pela Vila de Coja e Arganil, antes da chegada a Góis. Onde, depois de tantas e tão boas curvas, há sempre a garantia de uma receção calorosa a todos os motociclistas. Nas margens do rio Ceira, no mesmo local onde foi servido o jantar numa das primeiras edições, surgiu um reforço alimentar que viria a revelar-se extremamente útil.
É que, os corajosos que optaram por seguir o itinerário principal traçado pelos elementos da Comissão de Mototurismo da FMP, gastaram todas as calorias para controlar a moto na degradada e lamacenta subida até ao aeródromo de Coentral, onde o Moto Clube de Góis registava a chegada dos mais ‘loucos’. Subida que fez muitos rogarem pragas à organização e que parecia mais própria da versão Off-Road do Portugal de Lés-a-Lés, sobretudo na parte final, onde o muito nevoeiro acrescentava dificuldade ao piso muito estragado. Esforço recompensado pela possibilidade de assistir a um nevão na muito inclinada pista de combates a incêndios no segundo topo da serra da Lousã. Bom, na verdade era neve artificial, mas com o nevoeiro e a descida da temperatura que se fez sentir a 1184 metros de altitude, parecia mesmo verdadeira…
Bem mais simples e com enorme beleza paisagística, a descida para Castanheira de Pera compensou em dobro todo o esforço feito a subir, com estradinhas deliciosas, por Coentral Grande, Sarnada e Pera, rodeadas de árvores autóctones e com muros ‘decorados’ por musgos centenários. A que a chuva e o nevoeiro conferiam um aspeto místico, fazendo recordar tempos de antanho, num momento único que foi perdido pelos que optaram pela alternativa. Que ia diretamente à Praia das Rocas, local que fez pensar do bem que se estaria aqui se fosse um dia de sol e temperaturas mais condizentes com a época do ano.
Perderam ainda a possibilidade de ver a Pena, belíssima aldeia de xisto, ou os poços de neve, junto à igreja de Santo António da Neve, pois claro. No inverno eram estes poços cheios com neve para depois, no verão, serem cortados os cubos de gelo que eram transportados, embrulhados em palha e às costas de jumentos, até ao Zêzere e daí para a capital.