A globalização, em todo o seu esplendor, não tem apenas aspetos positivos. Claro que existem economias de escala, partilha de informação, deslocalização para países com custos mais competitivos, mas as empresas são também mais vulneráveis a fenómenos como a guerra na Ucrânia ou a escassez de chips.
Uma recente vítima é a centenária Harley Davidson que anunciou publicamente, ainda que sem dar grandes detalhes, que a sua produção de motos equipadas com motores térmicos vai estar suspensa pelo menos durante duas semanas!
2021 foi um ano de recuperação para a marca! Saíram das linhas de produção quase 200.000 motos e só mesmo a sua subsidiária elétrica (LiveWire) continua ainda com vendas modestas (apenas alguns milhares no total) e ainda longe dos lucros. O objetivo aponta para vendas de cerca de 7000 unidades em 2023, sendo que 2022 está a ser um ano muito atípico e é complexo fazer previsões.
O comunicado do fabricante aponta para algo como regulatory compliance (conformidade regulatória), ligada à entrega de uma ou mais peças de um seu fornecedor para o sistema de controlo de emissões poluentes.
Ainda que sendo vago (podem ser muitas coisas, mas algo ao nível catalítico é uma forte hipótese) o mais importante da notícia é que as dificuldades de abastecimento em alguma parte da cadeia de fornecedores é algo com que nos vamos ter que habituar a viver. Os próprios prazos de entrega vão ser cada vez mais difíceis de cumprir.
Pode ser nos automóveis, nos eletrodomésticos, no equipamento militar, na eletrónica de consumo e também nas motos!
Fotos: MotorBiscuit