No amplo segmento das scooters de 125 cc existe uma marca por vezes algo esquecida. A Daelim sempre se destacou pela boa relação preço /qualidade dos seus produtos, sendo esta belíssima XQ1 a topo de gama da marca entre as automáticas “oitavo de livro”.
Por Fernando Neto / Fotos Paulo Calisto
Há precisamente 20 anos atrás eu fui o feliz proprietário de uma Daelim VT 125, uma belíssima cruiser de roda lenticular traseira. Era com ela que me deslocava para a universidade e foi também aos seus comandos que comecei a realizar alguns passeios e viagens, com o gosto pelo motociclismo sempre a aumentar. E ao ter sido a minha primeira moto com mais de 50 cc, esta Daelim ficou na minha memória, mas a maioria dos motociclistas poderão nem conhecer esta marca coreana. Em Espanha a Daelim sempre apresentou bons números de venda, mas também é verdade que nos últimos anos a marca não tem crescido, mantendo-se algo no anonimato e a produzir veículos de baixa cilindrada. Mas esta XQ1 merecia sem dúvida uma avaliação.
Estética e construção
Com linhas imponentes e desportivas, a XQ1 é muito bonita e nesse aspeto não fica a dever em nada às melhores do segmento, fazendo mesmo lembrar a TMax, a rainha das maxi-scooters. Oferece uma posição de condução muito boa e um bom conforto, além de uma proteção aerodinâmica bem elevada que, inclusivamente poderá incomodar os utilizadores mais baixos na cidade devido à altura do ecrã. Nesta versão D encontramos a tradicional divisão central entre as pernas do condutor, mas existe uma versão mais básica, de plataforma forma (e mesmo preço final), que poderá agradar a muitos utilizadores por ser ainda mais prática de conduzir, a subir e descer do assento.
Outros detalhes: possui ignição sem chave! O facto de ser “keyless” é um dos principais argumentos do modelo, pelo que podemos andar sempre com o comando da scooter no bolso, nem necessidade de uma chave de ignição. O sistema funciona bem e é muito prático. A instrumentação é moderna e completa q.b., embora não tenha computador de bordo com informação sobre os consumos, e podemos alterar a cor do fundo da instrumentação, para nunca nos enjoarmos! Ainda em termos de equipamento, encontramos descanso lateral e central, tomada de 12V, porta-luvas, travagem integral com ABS (e manetes reguláveis) e um amplo espaço sob o assento, alcatifado e com luz, algo que outras scooters mais potentes e bem mais caras não possuem!
Especificações e condução
Em termos de motorização a XQ1 está equipada com um motor monociclíndrico de 124 cc com refrigeração líquida, capaz de debitar 12,9 cv às 8.500 rpm. A ciclística é a mais comum neste tipo de veículo, com suspensão telescópica convencional à frente e duplo amortecedor traseiro com regulável na pré-carga da mola, e em termos de rodas encontramos uma de 15’’ à frente e 14’’ na retaguarda, com pneu 140. O assento está colocado a apenas 790 mm do solo, o depósito tem 12 litros de capacidade e o conjunto tem um peso a seco de 130 kg.
Já sabemos como o equipamento é interessante e os assentos são muito confortáveis para os dois ocupantes, mas como serão as impressões de condução? Na verdade, ficámos desiludidos com a capacidade de aceleração do modelo, que é realmente fraca. O arranque é lento, as recuperações são complicadas e em subida / com vento contra / com passageiro, tudo piora. Depois, com o embalo consegue passar dos 100 km/h e chega inclusivamente aos 120 km/h em descida. Mais tarde, o responsável pelo concessionário onde entregámos a XQ1 disse-nos a marca tem equipado este modelo com roletes de variador bem mais pesados, que prejudicam bastante a aceleração, pelo que a alteração é muito simples se quiserem ter uma scooter de comportamento muito mais vivo na cidade. Se não chegarem a realizar essa alteração, ficarão com uma maxi-scooter interessante para deslocações de maior quilometragem mas limitada em cidade, onde convém ter uma boa saída dos semáforos.
O comportamento no geral é positivo – embora as suspensões sejam algo macias – a travagem é suficiente sem nada a apontar e os pneus Kenda funcionam bem, pelo menos a seco. Um ponto a melhorar é o acesso ao bocal de combustível, já que a mangueira está sempre a “disparar”, pelo que temos de a aliviar e o mais provável é entornarmos gasolina quando tentamos atestar. A nossa média, medida na bomba, foi de 3 l/100 km, valor normalíssimo para um modelo destas prestações.
Uma scooter bonita, bem equipada e com um preço acessível, faltando apenas ligeiras melhorias em alguns detalhes para se tornar numa das propostas mais interessantes do segmento.