A festiva chegada a Lamego marcou o encerramento do 1.º Portugal de Lés-a-Lés Classic, com muitos sorrisos na hora da despedida da aventura organizada pela Federação de Motociclismo de Portugal.

Ao longo de três dias e pouco mais de 500 quilómetros, levou uma caravana muito heterogénea de Bragança a Chaves, seguindo para Vila Nova de Famalicão de onde rumou à até ao centro da cidade lamecense, com o palanque montado em frente à escadaria da Senhora dos Remédios. Onde os condutores (e alguns passageiros) de motos fabricadas entre 1928 e 1995 chegaram felizes, ao fim de 159 quilómetros, esquecendo a intempérie que marcou presença constante e agradecendo a receção do Clube Automóvel de Lamego.
Chuva que parecia afastada do horizonte na saída de Famalicão por quelhos e veredas, por vezes com pisos bastante irregulares, mal necessário para fugir ou pelo menos minimizar a passagem por zonas de elevada densidade populacional e industrial.

Quilómetros iniciais com passagem em Ceide, onde Camilo Castelo Branco viveu e morreu no ano em que são comemorados dois séculos do nascimento do genial escritor. Outro ponto de interessante paragem seria Roriz, onde o Mosteiro de São Bento de Singeverga alberga os monges beneditinos que possuem o segredo do famoso licor. Mas também ainda era cedo para beber pelo que o melhor mesmo foi arrepiar caminho.

Paisagens menos interessantes que, naturalmente, interferem com o bem-estar de qualquer condutor e que só melhoraram a partir de Paços de Ferreira e, sobretudo, da visita ao Museu da Mota Antiga de José Pereira. Onde mesmo os motociclistas com maior experiência de vida e até alguns colecionadores pareciam autênticos miúdos em loja de brinquedos.

A descoberta desta verdadeira caverna de Ali Bábá criou enorme surpresa em quem nunca a tinha visitado e mesmo aqueles que conheciam esta exposição, voltaram a abrir a boca de espanto. Afinal é impossível, numa ou duas ou até em três visitas, conhecer minimamente um acervo de mais de 1500 motos, motorizadas, ciclomotores e scooters.
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Sempre bem enquadrados por toneladas de memorabilia, num museu que está, seguramente, ao nível dos melhores do Mundo, com coleção supercompleta de todas as montagens com motor Pachancho. Um simples exemplo a que se poderiam acrescentar muitas dezenas de modelos raros, como a Moto Guzzi Mulo Meccanico 3×3, um triciclo de três rodas motrizes e utilizou pela primeira vez o agora inconfundível motor V2 transversal.

Ou exemplares de praticamente todas as Famel EFS produzidas na Borralha, em Águeda, bem como a francesa Griffon, de 1901, a mais antiga em exposição. Ponto alto do dia, que só por si, valeria bem a viagem!
Verdadeiro aperitivo antes do almoço servido em Celorico de Basto, onde esperava uma reconfortante jardineira, lembrando a célebre edição do Portugal de Lés-a-Lés de 2010. Repasto tanto mais apreciado por marcar o final do sofrimento causado pelo péssimo estado da estrada nacional 101-4, impedindo desfrutar de centenas de bem desenhadas curvas.
E que antecipou uma sobremesa de luxo, servida sob a forma de intenso prazer de condução, subindo a paisagística N304 rumo à Campeã. Momentos deliciosos para todos, mesmo se alguns sentiram mais dificuldade em chegar ao topo da serra do Alvão. Que o diga Eduardo Leal que por pouco não precisou de empurrar a pequena Gilera Storm, “tal como havia acontecido logo no primeiro dia, na subida para Montalegre.

Aqui subiu bem… a velocidades entre os 10 e os 20 km/h”. Teria sido bem mais fácil e confortável com a BMW K1600 que ficou em casa, mas o espírito é outro!
Depois do almoço, em Cabeceiras de Basto, surgiu todo um novo mundo para o mototurismo, com três das mais bonitas e procuradas estradas nacionais para os amantes do prazer de condução e paisagens incomparáveis. Depois da N304, seguiu-se um pouco da N15, da Campeã até parada de Cunhos, e daí até Lamego a Estrada Património N2, verdadeira joia da coroa. Mais curvas para todos os gostos, com o sol a ultrapassar alguma timidez para saudar os todos os rijos participantes.
Incluindo o totalista de presenças no Portugal de Lés-a-Lés, Ângelo Moura que nem hesitou um segundo “ao saber da realização do Classic, mais uma excelente oportunidade de rever amigos, passear de moto e conhecer o País, com o bónus de poder apreciar um rol de motos que atravessa todo o século XX, que marcaram a vida da minha geração e que nos dizem muito”.
Aos comandos da mesma Yamaha TDM 850 com que em 1999 esteve à partida de Rio de Onor rumo a Sagres, o ex-presidente da Câmara Municipal de Lamego reconhece que “este evento superou as melhores expetativas, com um excelente ambiente e grande convívio, com uma organização sempre à altura dos acontecimentos e a que nem as agruras do clima roubaram brilho.
E terminar em Lamego, em pleno Douro Vinhateiro, terra onde os motociclistas são sempre tão bem recebidos, tal como aconteceu, por exemplo, em 2018, quando aqui terminou a 2ª etapa do Lés-a-Lés é verdadeiramente a cereja no topo do bolo”.
Final em festa do 1.º Portugal de Lés-a-Lés Classic, evento que colocou à prova as ‘velhas senhoras’ de duas rodas, mas também os motociclistas. O tempo frio e a chuva, por vezes muito intensa e até com granizo, podem ter limitado o ritmo na estrada, mas não impediram desfrutar totalmente da maratona turística levada a cabo pela Federação de Motociclismo de Portugal.
Até porque, no final de cada dia, a animação das meninas do palanque, Lynn e Luísa; os cuidados mecânicos da equipa da Motoval; e a atenção às mazelas físicas por parte dos osteopatas Edgar e Miguel da OsteoMotus, ajudava a recuperar o ânimo para novo dia de aventuras. Venham as próximas aventuras porque esta… ponto final. Até 2025!