Bodas de Prata: O ‘comboio’ que fez parar a ponte
Saindo da área urbana escalabitana através de inusitados caminhos rurais até ao Cartaxo, mais uma estreia com a travessia do Tejo através da surpreendente Ponte Rainha D. Amélia. Construída em 1904, a pensar nas necessidades ferroviárias foi adaptada, no início do milénio, à circulação rodoviária após a construção da nova ponte para o comboio. Com 840m de travessia sobre grade, estreita e com semáforos porque apenas passa um automóvel de cada vez, criou natural constrangimento com a passagem das mais de 2000 motos, dando tempo a condutores e passageiros para se prepararem para a mudança de cenário.
Pela frente o extenso Alentejo, de retas intermináveis uma seca para todos, mas, sobretudo para os que conduzem motos mais pequenas, de menor cilindrada. Foi o caso do grupo das ‘cinquentinhas’ de Santo Estevão, com direito a enorme festa familiar à passagem por Coruche, ou de Madalena Casanova. Numa Yamaha DTR125, partiu sozinha à aventura, aos 18 anos, e quase ‘empurrada’ pela mãe! Tendo descoberto as vantagens das duas rodas “aos 14 anos, para poder criar os próprios horários e ter independência nas deslocações”, foi cimentando uma relação forte com as motos. Mesmo se não tem exemplos na família!
Acho que, pelo olhar logo depois de ter falado, se arrependeu de imediato. Mas há três coisas que não voltam atrás. A pedra atirada, a palavra dita e a oportunidade perdida. Por isso, sem muitas preocupações com o refrão da música ‘Para Ti Maria’ dos Xutos & Pontapés, saiu de Lisboa rumo a Bragança, sem medo das ‘nove horas de viagem’.