Sol brindou os resistentes
Num dia em que as temperaturas andaram entre os 20° e os quase 30°, com algumas nuvens no céu a proteger os aventureiros da inclemência do sol, havia que gerir esforços. Por isso, as verdejantes estradas encontradas para sair de Ourém, fugindo a descaraterizados centros urbanos foram perfeitas, para comemorar em grande as Bodas de Prata do LaL.
Condições de excelência para atravessar a lezíria ribatejana, sem ver nenhum dos famosos fenómenos no Entroncamento para os encontrar, isso sim, um pouco mais adiante, na centenária Quinta da Cardiga. Imponente imóvel de história registada desde o tempo de D. Afonso Henriques, começando pelo castelo construído em 1169, e que foi local excelente para o Oásis da BMW, que, desde há vários anos, é um dos principais suportes do Portugal de Lés-a-Lés. Pequena pausa para esticar as pernas e tomar um café antes da entrada triunfal na Golegã, pela imponente Porta de Fernão Lourenço, assinalando nova estreia na maior aventura mototurística da Europa. Na vila onde o cavalo é rei, tempo para apreciar a Igreja Matriz, com magnifico portal manuelino e contemporânea do Infante de Sagres, ou a irreverente casa-estúdio do fotógrafo oitocentista Carlos Relvas.
Com as menções ao eventual pó de alguns pequenos troços de terra batida completamente desajustadas depois das chuvas dos últimos dias, a caravana teria o seu momento cultural um pouco mais adiante. Em Azinhaga, era um ‘renascido’ José Saramago – e com um ar muito saudável, diga-se de passagem! – que esperava os motociclistas, de alicate em punho. Porque era mais importante picar a tarjeta do que levar um autógrafo! Na terra natal do Prémio Nobel da Literatura, o enquadramento foi proporcionado pelos tradicionais campinos da região ribatejana sendo que, só por acaso, vieram de Guimarães, fazer jus ao nome de Conquistadores para arrebatar o coração dos maratonistas com quadros animados e extremamente bem conseguidos.
Mas havia que virar mais uma das 60 páginas do road-book, rumando a Santarém via Pombalinho, terra de cheias sempre que o Tejo extravasa as margens, mas que nunca tinha vivido tamanha enchente… de motos. Já na ‘capital’ do Ribatejo e depois de uma entrada muito interessante, longe das chegadas tradicionais, toda a monumentalidade foi apreciada em andamento. Já se sabia que o dia era longo pelo que a visita à Igreja de Santa Maria da Graça, um dos mais belos exemplos da arquitetura religiosa do gótico flamejante ou a descoberta do quartel de onde saiu a Revolução dos Cravos ficaria para outra ocasião.
Mas se a alma pode esperar pelas descobertas dos tesouros da nossa História, já o corpo pede alimento com mais frequência. Por isso foi fácil aceitar o convite para a pré-estreia do enorme espaço da Bluemotor, representante local da Yamaha. E que sublinha o entusiasmo crescente das marcas, sendo praticamente unânime o entendimento da importância de marcar presença no evento mototurístico que mais motociclistas movimenta em Portugal. E que, além da BMW, o maior suporte desde há vários anos, também a Yamaha, Honda, Suzuki ou Indian se tenham juntado a esta edição.