Depois de, na semana passada, termos apresentado The world’s fastest Indian, o desafio desta semana é voltarmos à última década do século passado. Mantenho o compromisso de partilhar convosco filmes que, em muitos casos, não foram um grande sucesso de bilheteira, mas nem por isso foram menos marcantes e, em todos os casos, as motos têm um papel de relevo, sendo que neste caso começa logo pelo título do filme.
Chegou às salas de cinema em 1991 e não recebeu críticas muito positivas. Vinha com dois grandes atores, em representação de dois ícones da cultura norte-americana (a marca Harley e símbolo Cowboy associado ao tabaco), a atravessar fases distintas das suas carreiras:
Mikey Rourke (Harley Davidson) que, ganhou muita popularidade com o escaldante Nove Semanas e Meia onde contracena com Kim Basinger, vinha de alguns filmes menos conseguidos como Wild Orchid e Don Johnson (Marlboro Man) que estava a tentar “desvincular-se” do papel de ator de televisão na série, muito apreciada também no nosso país, Miami Vice. Em Portugal o filme ficou conhecido por Harley Davidson e o Cowboy do Asfalto e marcou uma geração.
No filme surgem ainda outros atores, mais ou menos em início de carreira, casos de Chelsea Fild (no filme Virginia Slim) ou Daniel Baldwin (que representa a personagem Alexander). Destaque especial, ao nível da banda sonora, para a espetacular música dos Bon Jovi “Wanted Dear or Alive”. Só por estes minutos creio que o filme já vale a pena, mas avaliem vocês!!!
Harley Davidson e o Cowboy do Asfalto
Sob direção de Simon Wincer, o filme narra uma história que, sem ser nova, não deixa de ser interessante: dois amigos (Harley e Marlboro), em nome da amizade que os une, decidem ajudar um terceiro amigo que é dono de um bar que ambos costumam frequentar regularmente e que vai fechar porque o banco não quer renovar o empréstimo e pede uma fortuna. O plano, algo louco, de assaltar uma carrinha de valores é posto em marcha, mas algo corre mal, muito mal!
Afinal a carrinha não transportava dinheiro, mas algo mais valioso e perigoso: um carregamento de uma poderosa droga chamada Crystal Dream! Agora os dois amigos vão ter que sobreviver à perseguição implacável dos donos da droga, chefiados pelo temível Chance Wilder, que tudo vão fazer para a recuperar!
Ao longo do filme há momentos particularmente bem conseguidos e que vos vão fazer libertar ruidosas gargalhadas, cito alguns:
O momento em que o Cowboy dispara furiosamente sobre uma moto (uma infeliz Kawasaki KZ 1000) uma sucessão rápida de tiros, a ponto de a dita cair para o chão desamparada e quase desfeita. Hilariante, mas triste! Pobre moto! Não merecia tal sorte!
Outro momento divertido é quando Cowboy, montado na sua Harley, se coloca ao lado da polícia, também montada numa moto (Honda PC 800), “saca um grande cavalo” e vai um longo bocado em cima de uma roda só, lado, a lado. No final acaba detido pela mulher polícia e é “revistado” de uma forma algo erótica…
Outro momento mágico é quando os dois são perseguidos pelos “maus” e na cobertura de um edifício são “forçados” a atirar-se de uma altura enorme para dentro de uma piscina! As vezes que eu me imaginei a fazer isso no prédio onde morava um amigo que tinha uma piscina no piso térreo! Ele também jurava a pés juntos que ainda o ia fazer, mas felizmente não aconteceu!
Um último, é a célebre expressão de Harley e que afirma solenemente algo que ficou para a história e que continua a ter um fundo de verdade para muitos de nós, apesar de algum exagero associado: It’s better to be dead and cool than alive and uncool! Ou seja, mais vale estar morto, mas ter aproveitado que vivo e não ter gozado nada!
Para a próxima o filme que vou partilhar convosco é o mais recente de toda a série. Um filme de 2011 e completamente distinto de todos os anteriores, uma vez que se passa diretamente no mundo da competição, “algures” numa minúscula ilha, mas depois vão perceber melhor. Até quarta-feira.
Texto: Pedro Pereira