Depois de, na semana passada, termos apresentado Easy Rider, é chegada a altura de apresentar um filme diferente. Quente como o inferno ou pelo menos como os dias de verão que nos têm acompanhado nestes últimos tempos! Ghost Rider é, na realidade, um filme quase maldito, tal como a maldição que acompanha Johnny Blaze, magnificamente interpretado por Nicholas Cage.
Reafirmo algo que já escrevi antes: a escolha destes 10 filmes, uma para cada uma das 10 principais semanas do verão, é uma escolha pessoal e pouco ou nada consensual, mas tento que sejam representativos da realidade cinematográfica global e possam constituir bons momentos de entretenimento.
Como vão ver, nem todos pertencem à “Escola de Hollywood”, mas em cada um deles, mesmo que de formas muito distintas, as motos têm sempre um grande destaque e com o de hoje não é diferente, nem poderia ser, mas deixo já uma sugestão: não façam tratos com o diabo porque ele depois pode apresentar-vos uma conta para pagar muito cara!
Ghost Rider
Este filme, de 2007, teve depois sequelas, mas vamos ficar-nos apenas pelo original. Aliás, é prática comum no cinema que, quando um produto resulta bem, produzir depois sequências do mesmo, muitas vezes até com o mesmo leque de atores…
Johnny Blaze é um duplo famoso pelas suas acrobacias com motos, fazendo algo que nunca foi feito antes, sendo aqui interpretado pelo talentoso e muito flexível Nicholas Cage que, na minha perspetiva, tem aqui um dos seus melhores desempenhos. O fato de cabedal e aquele ar de mauzão atormentado “assentam-lhe como uma luva”!
Para proteger os que mais ama, em especial o seu pai à beira da morte, Blaze faz um trato com o Diabo (soberba interpretação de “Um Deus da Sétima Arte”, que também já vimos em Easy Rider, de nome Peter Fonda) e nem tudo corre bem.
Satanás decide que é chegada a altura de Blaze pagar o que deve e a maldição que paira sobre Blaze é isso mesmo: Durante a noite é condenado a andar sem destino, amaldiçoado, transformando-se num cavaleiro fantasma, de aspeto ameaçador, o Ghost Rider, que vai a todo o lado sempre montado na sua moto em chamas (Hell Cycle), para caçar “demónios extraviados” e que agora terá que enfrentar o filho de Satanás!
Destaque também para a sempre sensual Eva Mendes (Roxanne Simpson), para o amigo e companheiro Sam Elliot (Carter Slade) e o malvado Wes Bentley (Blackheart) que personifica o Mal, capaz de destruir o mundo e ao qual um atormentado Blaze tem que fazer frente. A direção do filme é de Mark Steven Johnson.
Sendo um filme com chancela da Marvel, cuja personagem já antes tinha surgido em banda desenhada, talvez fosse legítimo esperar mais, mas na minha perspetiva é um blockbuster sem demasiadas ambições que resulta muito bem, em especial por causa dos efeitos especiais e da própria banda sonora de Christopher Young. Muitas caveiras, imagens quase aterradoras, algum suspense, muito fogo, um pouco de terror e até uma boa dose de violência fazem parte do filme e dão-lhe um cariz especial.
Curioso que apesar de, supostamente, a história se passar na sua maioria numa cidadezinha do Texas, acabou por ser filmada na Austrália e que a Hell Cycle existiu mesmo e não foi apenas uma criação de computador, mas não vou escrever mais para vos “atiçar” a (re)ver o filme! Já agora, sugiro que reparem na Harley que Blaze conduz e vejam se não há por ali umas semelhanças com a “Capitão América” de Easy Rider…
Para a próxima semana teremos novo filme. Voltamos ao século (e milénio passado), mais precisamente ao final da década de 70, num cenário mais ou menos apocalítico em que um único homem faz a diferença! Uma vez mais, também teve depois várias sequências. Até quarta-feira.
Texto: Pedro Pereira